sábado, 30 de novembro de 2019

Xinguara: ACIX oferece café da manhã para seus associados


Dentre as ações deliberadas, a realização de uma confraternização de fim de ano, captação de recursos para construção da sede da Acix

A imprensa de Xinguara vive momentos de fortalecimento, mediante aproxima- ção dos profissionais associados à entidade que representa a classe.

Neste sábado, 30, a Associação de Comunicadores e Imprensa ofereceu um café da manhã, e em seguida, realizou uma reunião onde alguns assuntos foram debatidos e postos como ações para a organização da entidade.

A ACIX é presidida pelo jornalista Moraes Filho. No encontro, realizado no hotel Modelo, estiveram presentes o jornalista Antonio Guimarães, o radialista Geziel de Paula, o produtor Getúlio Silva, o radialista Frank Batista, a repórter Vânia Cardoso, o repórter cinematográfico James Cardoso, além do comunicador Carlão e de Rogério dos Santos, tido como comunicador popular e Crislene, esposa do radialista Geziel de Paula.

Dentre as ações deliberadas, a realização de uma confraternização de fim de ano, captação de recursos para construção da sede da Acix, bem como as publicações de noticias da associação, que passa a contar com o blog https://acixxinguara.blogspot.com 




























por-Antonio Guimarães

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Governo exclui pessoas acima de 55 anos de novo programa de empregos

Ao contrário do prometido, o Emprego Verde e Amarelo beneficiará apenas a faixa etária de 18 a 29

Por FOLHAPRESS

A presidência havia prometido que os trabalhadores acima de 55 anos entrariam no programa Emprego Verde e Amarelo

O presidente Jair Bolsonaro assinou nesta segunda-feira (11) uma MP (Medida Provisória) que cria o programa Emprego Verde e Amarelo, modalidade que reduz a tributação sobre empresas que contratarem jovens de 18 a 29 anos em primeiro emprego.

O governo recuou e retirou do projeto o trecho que daria os mesmos benefícios para a contratação de pessoas acima de 55 anos. Elas foram excluídas da proposta e não terão direito a participar do programa.

Na última terça-feira (5), o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, havia confirmado a participação de trabalhadores dessa faixa etária no programa.
"Um dos objetivos é o de reduzir os custos de contratação de jovens entre 18 e 29 anos e de pessoas acima de 55 anos que não estejam aposentadas", disse na ocasião.

Por se tratar de uma MP, o programa passa a valer imediatamente, mas dependerá de aval do Congresso para seguir em vigor. O objetivo da medida é reduzir os custos dos empregadores e, com isso, viabilizar uma redução do desemprego e da informalidade.

A equipe econômica espera criar 1,8 milhão de vagas formais até 2022 com essa proposta. Em conjunto com outras medidas apresentadas nesta segunda, a expectativa é alcançar a marca de 4 milhões de novos postos.

Empresas que contratarem jovens de 18 a 29 anos até o fim de 2022 terão desconto na contribuição previdenciária patronal, que será reduzida de 20% para zero. Alíquotas do Sistema S, do salário-educação e do Incra também serão zeradas.

O repasse ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) cairá de 8% para 2%. Para esses trabalhadores, a multa do FGTS em caso de demissão sem justa causa poderá ser de 20%, e não o patamar de 40% dos outros funcionários que seguem o regime atual.

Essa mudança será efetivada mediante acordo. Na estimativa do governo, o novo contrato de trabalho provocará uma redução de 30% a 34% no custo da mão de obra. A nova modalidade só valerá para contratações de pessoas com remuneração de até 1,5 salário mínimo (R$ 1.497).

As contribuições serão reduzidas por um prazo de dois anos. Depois, as alíquotas serão imediatamente ampliadas ao patamar que incide sobre os trabalhadores em geral. Originalmente, o ministro da Economia, Paulo Guedes, planejava instituir uma desoneração ampla da folha de pagamentos, que valeria para todas as idades e seria permanente.

Para compensar a perda de arrecadação, seria proposta a criação de um imposto sobre movimentações financeiras aos moldes da extinta CPMF. Alvo de críticas e rejeitada por Bolsonaro, a medida acabou deixada de lado pela equipe econômica, que passou a trabalhar em uma proposta de desoneração mais restrita, com limite etário e de salário.

Para bancar o novo programa, o governo passará a cobrar contribuição previdenciária de pessoas que recebem seguro desemprego. Na mesma medida, Bolsonaro incluiu trecho para liberar o trabalho aos domingos e feriados.

Nesses casos, o trabalhador terá direito a repouso semanal remunerado em qualquer outro dia da semana. O governo já havia proposto permissão de trabalho aos domingos e feriados na MP conhecida como da liberdade econômica. O trecho, contudo, foi retirado do texto durante votação no Senado, em agosto.

O Senado decidiu que o trabalho aos domingos e feriados - que foi incluído na MP da Liberdade Econômica durante a tramitação do texto no Congresso - não tinha relação com o propósito inicial do projeto.

Também nesta segunda, foi anunciado um programa de microcrédito voltado para pessoas de baixa renda. Outra medida vai reduzir o índice de reajuste de débitos trabalhistas. Hoje, a atualização é feita pelo IPCE-E mais 12% ao ano (cerca de 16% ao ano). O novo modelo prevê reajuste de IPCA mais juros da poupança.

Bolsonaro decide criar novo partido, que já tem até nome; confira

Segundo a revista Veja, o nome escolhido é Aliança Pelo Brasil

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) deve criar um novo partido. Segundo a revista Época, o presidente deve anunciar nos próximos dias a criação de uma nova legenda e o começo da coleta de assinaturas em todo o país para este fim.

O partido já tem até nome. Segundo a revista Veja, o nome escolhido é Aliança Pelo Brasil. Para a empreitada ir adiante, são necessários cerca de 490.000 apoios em pelo menos nove estados, que o presidente vai buscar através de uma campanha.
A assessoria jurídica do presidente também trabalha para evitar que os parlamentares bolsonaristas deixem o partido sob risco de perderem os mandatos, por infidelidade partidária. 

Além disso, analisa como irá garantir a transferência dos recursos partidários e tempo de TV que o PSL passou a ter direito depois que se tornou a segunda maior banca da Câmara dos Deputados.

Decidido a deixar o PSL após avaliar na semana passada que é inviável permanecer no partido comandado por Luciano Bivar, Bolsonaro espera atrair integrantes do PSL, Novo, DEM, PP, PTB, PL, Podemos e também do PSDB - ainda que este último seja um criticado com frequência pelo presidente.

De acordo com aliados de Bolsonaro, o objetivo seria "juntar 100 deputados" de diversas siglas.

(CORREIO)

domingo, 10 de novembro de 2019

Celso de Mello, do STF, recebe Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa, nos 40 anos da entidade jornalística



Celso de Mello, do STF, recebe Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa, nos 40 anos da entidade jornalística

O ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), é o homenageado do Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa de 2019. A premiação deste ano tem um caráter especial, uma vez que a Associação Nacional de Jornais (ANJ) comemora 40 anos, completados em 17 de agosto.

Celso de Mello é reconhecido por inúmeras decisões favoráveis às liberdades de imprensa e de expressão desde que ingressou no STF (leia mais neste link), em 1989. O conjunto de suas sentenças é, no entendimento da ANJ, um marco dentro do Judiciário brasileiro em defesa de princípios democráticos que garantem a atuação do jornalismo independente no Brasil.


A cerimônia de entrega do Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa será realizada às 17h10 da próxima segunda-feira (11), no Grand Hyatt Rio de Janeiro, na capital fluminense, dentro da programação da Conferência Digital Media LATAM, da Associação Mundial de Editores de Notícias (WAN-IFRA, na sigla em inglês). Haverá ainda homenagem aos jornalistas Clóvis Rossi e Ricardo Boechat, mortos neste ano.

A moderação da cerimônia será feita pela jornalista Míriam Leitão, colunista do jornal O Globo e integrante da equipe da emissora a cabo GloboNews. Participam da abertura o presidente WAN-IFRA, Fernando de Yarza López-Madrazo, o presidente da ANJ, Marcelo Rech, e o vice-presidente da entidade, Francisco Mesquita Neto.

O Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa foi concebido pela associação para homenagear pessoas ou instituições que tenham se destacado na promoção ou na defesa da liberdade de imprensa, ou cuja atuação demonstre a importância fundamental da liberdade de imprensa para a sociedade e para as democracias.

ENTREGA DO PRÊMIO ANJ DE LIBERDADE DE IMPRENSA 2019 

Dia: 11 de novembro de 2019, segunda-feira.

Horário: 17h10 às 18h30, seguido de Coquetel de Boas-Vindas.

Local: Sala Grand Ballroom, Grand Hyatt Rio de Janeiro (Av. Lúcio Costa, 9600, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, Brasil)

Foram contemplados com o Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa:

18/08/2008 – Ministro Carlos Ayres Britto – Supremo Tribunal Federal

(Ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, pelo encaminhamento favorável ao fim da Lei de Imprensa, na ação que tramitou no STF)

18/08/2009 – Deputado Miro Teixeira

(Pela ação propondo ao STF o fim da Lei de Imprensa)

20/08/2010 – Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP)

(Pela defesa da liberdade de imprensa nas Américas)

27/05/2011 – Clarín (Buenos Aires – Argentina)

(Pela postura independente e combativa frente às ações contrárias à liberdade de imprensa em seu país)

20/08/2012 – ABRAJI – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo

(Pela promoção do jornalismo profissional, independente e de qualidade no Brasil)

18/08/2014 – Catalina Botero – Relatora Especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) – (Colômbia)

(Pela atuação firme em favor da liberdade de imprensa e por ter se tornado   alvo preferencial dos governos autoritários da América Latina)

16/10/2015 – Ministra Cármen Lúcia – Vice-presidente do Supremo Tribunal Federal, relatora da ação que considerou inconstitucional a exigência de autorização dos interessados (biografados e seus legítimos representantes) para a publicação de biografias.

28/09/2016 – Gazeta do Povo (Curitiba/PR) e equipe de cinco profissionais do jornal pela série de reportagens sobre a remuneração de integrantes do Poder Judiciário do Ministério Público do Paraná. Os jornalistas Chico Marés, Euclides Lucas Garcia e Rogerio Waldrigues Galindo, o analista de sistemas Evandro Balmant e o infografista Guilherme Storck respondem a mais de 40 processos.

22/11/2017 – Jornalista Míriam Leitão

(Pelo simbolismo e repercussão do episódio em que ela foi alvo de intolerância de militantes partidários, com o objetivo de demonstrar o apoio da ANJ ao exercício da atividade jornalística face à intolerância política).

30/08/2018 – WAN-IFRA (Associação Mundial de Editores de Notícias) (Pela defesa e promoção da liberdade de imprensa em todo o mundo ao longo dos seus 70 anos de existência)

Jornal ANJ Online

Por que a desinformação é compartilhada tão facilmente?

A desinformação é mais comum do que nunca na Indonésia hoje, pois sua disseminação se tornou cada vez mais diversificada e difícil de suprimir.

Só em abril, quando o país realizou sua eleição geral, o Ministério da Comunicação e Tecnologia da Informação da Indonésia identificou 486 desinformações compartilhadas em várias plataformas online — 209 delas relacionadas à política. O ministério notou que esse número subiu durante eleição de 17 de abril e continuou a aumentar depois.

Por ASTUDESTRA AJENGRASTRI no IJNET

Para entender melhor como e por que a informação, tanto verdadeira quanto enganosa e falsa, eu realizei uma pesquisa em fevereiro de 2019 com o Tirto.id, um dos parceiros de redação com quem trabalhei na Indonésia como bolsista TruthBuzz do ICFJ. O que eu descobri desafia a suposição de que a falta de pensamento crítico é o principal fator que leva as pessoas a compartilhar a desinformação tão facilmente.

Como planejamos o estudo

Mais de 1.500 pessoas da ilha mais populosa do país, Java, participaram da pesquisa, respondendo a 31 perguntas sobre como acessam informações diariamente. Também incluímos três conjuntos de imagens, incluindo artigos da mídia tradicional, memes virais e capturas de tela de postagens da mídia social. Perguntamos aos entrevistados se achavam que as informações nas imagens eram precisas ou não e se queriam compartilhar as imagens online.

O primeiro conjunto incluiu posts de mídia social sobre vacinas e saúde, e refugiados de Rohingya e da Faixa de Gaza, todos os quais eram postos não verificados de fontes não credíveis ou desinformação. As imagens no segundo conjunto eram de natureza política, tiradas de meios de comunicação credíveis, bem como grupos partidários do Facebook. Todos estavam relacionados aos candidatos à presidência, Joko Widodo e Prabowo Subianto. O terceiro conjunto incluiu imagens de artigos precisos e verificados, publicados pelo Ministério de Comunicação e Tecnologia da Informação e agências de verificação de fatos.

Quem compartilhou e o que compartilhou

Testamos vários fatores que podem afetar a probabilidade de um participante compartilhar informações no WhatsApp, incluindo sexo, histórico educacional e idade. Embora o gênero e a educação não tenham efeito, os resultados da pesquisa mostraram uma relação direta entre a idade avançada e a confiança maior nas informações que circulam no aplicativo de mensagens.

Enquanto 41% de todos os entrevistados disseram confiar nas informações que recebem no WhatsApp, esse número salta para 67% para entrevistados com mais de 45 anos. Apenas 35% dos entrevistados com idades entre 17 e 21 disseram confiar nas informações que encontram no aplicativo de mensagens.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE JORNALISTAS

Reflexões sobre a globalização da mídia


Levado a limite, o conceito de “empresa jornalística” estende-se a qualquer indivíduo que, dispondo de CNPJ, mantenha um blog, independente de qual seja seu modelo de negócios, se existir algum.


Por Nilson Lage no Jornal GGN

A Constituição Federal, no Artigo 222, determina que “a propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País.” (redação dada por emenda constitucional, em 2002)

Haverá como compatibilizar esse dispositivo constitucional com a situação presente, de globalização da mídia eletrônica via Internet e acesso plural tanto à fruição quanto à produção e emissão de mensagens? A limitação estabelecida fere o direito à livre expressão do pensamento, cláusula pétrea da Carta, considerado fundamento do estado de direito.

Minha resposta é “dificilmente” à primeira pergunta, e “provavelmente sim” à segunda.

A tecnologia de informação é dado de realidade contra a qual a Constituição não poderia se erguer, salvo à custa de um isolamento do país que não se pretende ou admite.

Levado a limite, o conceito de “empresa jornalística” estende-se a qualquer indivíduo que, dispondo de CNPJ, mantenha um blog, independente de qual seja seu modelo de negócios, se existir algum.

Nada impede que organizações sediadas ou pessoas residentes em outros países cubram assuntos brasileiros e os divulguem na Internet para serem acessados aqui.

A constituição de pessoas jurídicas no Brasil, sempre possível, é um detalhe formal.

A mídia “estrangeira” no Brasil

Constituindo (o que deve ser o fato) ou não empresas no país, alguns dos principais provedores de informação em língua portuguesa sobre eventos ocorridos no Brasil pertencem ou se vinculam a empresas estatais ou assemelhadas (RFI, BBC, DW, Sputnik, Xinhua) e privadas (El País, CNN, Fox). Encontraram amplo espaço no mercado local dada a oligopolização e ao discurso único da grande mídia brasileira ancorada em um suporte econômico (financiadores, agências de publicidade e principais anunciantes) igualmente oligopolizado e intransigente quanto a seus interesses.

Representam importante segmento empregador de jornalistas.

Trata-se de flanco que se abriu no contexto de uma guerra ideológica, de modo que a mídia importada foi sentida por formadores de opinião como portadora de ar fresco e ideias plurais. O mesmo não ocorre, decerto, em outros países.

A guerra midiática

Não foi sempre assim. O que aconteceu com a mídia brasileira foi uma ação coordenada de agentes financeiros e do Estado que se arregimentaram, após o golpe de 1964, para calar qualquer dissidência, mesmo conservadora, filtrar a informação que chega ao público e, sobretudo nas emissoras de televisão, gerir a mídia como instrumento de controle psicossocial de massas.

Nem mesmo ao Estado tem-se permitido o livre discurso ao povo porque o ambiente público dificulta a censura e a mentira. O discurso de defesa do interesse nacional é igualmente sem propósito, porque os interesses que, enfim, sobrevivem a tantos anos de batalha, embora eventualmente de corporações ou segmentos da economia brasileira, meramente refletem políticas e ambições transnacionais.

No passado, a mídia plural

Antes de 1964, o Brasil dispunha de ampla pluralidade ideológica.

O rádio, veículo eletrônico a que as massas tinham acesso, era dominado pela Rádio Nacional, emissora de Estado sem viés político, e se distribuía por centenas de outras. A televisão, então voltada para a elite cultural e classes médias, dividia audiência entre emissoras dos Diários Associados espalhadas pelo país e outras, com destaque para as redes Excelsior e Record.

No Rio de Janeiro, que deixara há pouco de ser capital da República, circulavam mais de dez jornais diários impressos de tiragem apreciável — da Última Hora que apoiava o governo trabalhista, ao Diário de Notícias, de tradição nacionalista, o vespertino O Globo e os mais antigos; Correio da Manhã, de 1901, em que pesava muito a opinião da redação, e Jornal do Brasil, de 1891, órgão ligado à Igreja Católica que se modernizara na década de 1950 e formava opinião nas novas gerações intelectuais.

Sobreviveu, desses, apenas O Globo, associado à rede de televisão hegemônica que se formaria nos anos 1970 com forte injeção de dinheiro público, a partir de duas emissoras, no Rio de Janeiro e São Paulo, fundadas com recursos e know how dos americanos da Time-Life. Correio, Diário e Ultima Hora fecharam, por perseguição policial e boicote econômico; o Jornal do Brasil resistiu um pouco mais, em demorada decadência que se acentuou com a descaracterização de sua linha editorial em sucessivas mudanças de gestão.

O mesmo processo de corrosão da pluralidade ocorreu por todo o país, com a centralização do fluxo de notícias, o fechamento de sucursais e demissão de correspondentes. Em São Paulo, sobreviveram o Estadão, expoente da oligarquia paulista, e a Folha, bafejada pelo apoio à repressão na década de 1970.

A questão da responsabilidade editorial

Leia também: Sobre a redução da presença negra na sociedade argentina, comentário de Pietro
O parágrafo segundo do mesmo Artigo 222 estipula que “a responsabilidade editorial e as atividades de seleção e direção da programação veiculada são privativas de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, em qualquer meio de comunicação social”. (redação também da emenda de 2002)

É dispositivo de aplicação mais viável, embora suas consequências sejam ainda formais, conduzindo à delegação de responsabilidade a testas-de-ferro ou, como se diz hoje, “laranjas”.

O dispositivo serve à retaliação contra blogueiros e até contra veiculadores de informações em redes sociais abertas, como o Youtube ou o Facebook, restando definir claramente o que é “informação jornalística”

Sobre a posição da ABI

Pedem-me opinião sobre a atitude que a Associação Brasileira de Imprensa deve adotar diante da cobrança ao Supremo Tribunal Federal de melhor interpretação — ou regulamentação — desse dispositivo constitucional.

Meu ponto de vista é que todos esses aspectos devem ser considerados, buscando-se normas cabíveis na realidade e que contemplem o direito de as pessoas serem informadas, com prioridade sobre o direito, ou dever, de informar que se atribui aos veículos e aos jornalistas.

Proponho, pois, uma presença institucional independente, sem afiliação prévia a escolhas cujas consequências não se tenham ponderado.

FONTE: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS JORNALISTAS

https://jornalggn.com.br/artigos/reflexoes-sobre-a-globalizacao-da-midia-por-nilson-lage/

Malafaia posta vídeo se retratando por postagens sobre Adélio, Dilma e PT


Na época, o líder religioso espalhou notícias falsas dizendo que Adélio era assessor da campanha de Dilma ao Senado por Minas Gerais

O pastor Silas Malafaia publicou um vídeo no fim da noite de ontem com uma retratação por postagens feitas em setembro de 2018 sobre um envolvimento entre Adélio Bispo de Oliveira, autor da tentativa de homicídio contra o então candidato e hoje presidente Jair Bolsonaro, com o PT e a ex-presidente Dilma Rousseff.

Na época, o líder religioso espalhou notícias falsas dizendo que Adélio era assessor da campanha de Dilma ao Senado por Minas Gerais. No vídeo, Malafaia abriu lembrando que o atentado estava completando um ano (o que aconteceu em setembro) e que faria uma correção.

Silas Malafaia gravou vídeo para se retratar por espalhar notícias falsas sobre ligação de Adélio Bispo e PTImagem: Reprodução/Twitter

Colaboração para o UOL, em São Paulo


O pastor Silas Malafaia publicou um vídeo no fim da noite de ontem com uma retratação por postagens feitas em setembro de 2018 sobre um envolvimento entre Adélio Bispo de Oliveira, autor da tentativa de homicídio contra o então candidato e hoje presidente Jair Bolsonaro, com o PT e a ex-presidente Dilma Rousseff.

 "Eu digo sempre que a grandeza de um ser humano não são os seus acertos, é reconhecer seus erros e corrigir suas rotas", afirmou o pastor antes de se retratar pela declaração.

"(Adélio) Nunca foi assessor de Dilma. Tem que ser honesto com isso aí. Ele já teve vínculo lá atrás com o PSOL. Mas nunca assessorou Dilma em campanha, então estou aqui corrigindo porque eu fiz uma declaração na época, e essa declaração, e olha que eu sou cuidadoso, hein, de ver coisas em redes sociais e soltar. Mas na época eu soltei, postei no Twitter fazendo a reconsideração e agora estou reconsiderando neste vídeo, tá certo? A verdade é a verdade", disse.

Confira o vídeo de Malafaia no Twitter:


Na época da publicação das notícias falsas, a assessoria de imprensa da campanha de Dilma Rousseff havia anunciado que processaria o pastor Silas Malafaia.

A campanha de Dilma Rousseff está entrando com processo por injúria, calúnia e difamação contra o senhor Malafaia. Terá de responder na Justiça.

Assessoria de Imprensa
Dilma Rousseff

Preocupado com possível radicalização, Exército ainda vê Bolsonaro e Lula contidos



Libertação do ex-presidente foi assunto de churrasco de aniversário de ex-comandante da Força

Igor Gielow. SÃO PAULO
O Exército teme o risco de radicalização entre os apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL) e de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas considera que tanto o presidente quanto o ex-presidente foram razoavelmente contidos em suas manifestações iniciais após a libertação do petista.

A avaliação foi colhida em um churrasco de comemoração do aniversário do ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas, ocorrido na tarde deste sábado (9) em Brasília, e em conversas posteriores.

O general fez 68 anos na última quinta-feira (7), dia em que Lula foi beneficiado pela decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) derrubando a prisão para condenados em segunda instância.

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acena para apoiadores durante ato em São Bernardo do Campo, um dia após ser libertado da prisão Nelson Almeida - 9.nov.2019 /AFP

petista foi solto na sexta (8) e, enquanto os comensais chegavam para a festa, no Clube Pandiá Calógeras, no Setor Militar Urbano da capital federal, fazia um discurso para seus apoiadores em São Bernardo do Campo (SP).

Lula foi o assunto do churrasco, que reuniu principalmente oficiais-generais da reserva, mas não só. O presidente Bolsonaro e o comandante do Exército, Edson Pujol, estavam presentes durante parte do evento, que contou com pouco mais de cem convidados.

Pujol, que vem mantendo uma linha de distanciamento de um governo fortemente integrado por oficiais da reserva e alguns da ativa, presidido por um capitão reformado, surpreendeu alguns presentes ao se dizer muito preocupado com a possibilidade de radicalização de lado a lado.

Edson Leal, comandante do Exército, surpreendeu ao se dizer preocupado com a polarização - AFP

O temor já havia sido vocalizado mais cedo, em reunião no Palácio do Planalto com Bolsonaro, os ministros militares Fernando Azevedo (Defesa) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), além dos comandantes da Marinha e da Aeronáutica.

Os militares têm recomendado moderação a Bolsonaro, argumentando que ele tem a cadeira como principal instrumento para alegar superioridade em um debate com Lula.

Ainda assim, o presidente precisava sinalizar à sua base mais radical e publicou postagem no Twitter em que não nomeou Lula, mas o chamou de "canalha". Do palanque, o petista fez o mesmo para sua plateia e acusou Bolsonaro de ligação com milicianos.

Tais movimentos eram esperados, e foram considerados por integrantes da cúpula do Exército como moderados, “do jogo”. Mas todos sabem que isso é apenas o primeiro minuto da partida, e que Bolsonaro conta com um Lula atuante para reforçar sua posição de prócer do antipetismo —que o levou a vencer a eleição em 2018.

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Nascido em Cruz Alta (RS) em 7 de novembro de 1951, Eduardo Dias da Costa Villas Bôas entrou no Exército ainda nos primeiros anos da ditadura, em 1967. Graduou-se na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), onde foi instrutor e comandante do curso de infantaria. Antes de comandar o Exército, chefiou o Coter (Comando de Operações Terrestres). Morou na China, onde foi adido militar da Embaixada brasileira. Alan Marques/Folhapress

O radicalismo está na essência do bolsonarismo, como provou o episódio em que o presidente postou um vídeo em que o Supremo, a mídia e outros supostos adversários eram caracterizados como hienas a ameaçar o leão presidencial. Do lado petista, não faltam discursos inflamados da mesma forma.

Não é casual que Bolsonaro, seus filhos e o general Heleno tenham manifestado preocupação com uma suposta contaminação das ruas brasileiras pelo espírito das manifestações que desafiam o presidente chileno, Sebastián Piñera.

A cúpula militar em parte compartilha tais preocupações, mas teme igualmente ser usada numa radicalização artificial. Como presidente, Bolsonaro pode recorrer a elas em caso de balbúrdia extrema, mas não são poucos políticos que o advertem de que isso encontraria resistência inclusive no Judiciário.
Já o temor mais imediato do Exército após a libertação de Lula não encontra tanto ressonância nas outras Forças. Um brigadeiro e um almirante disseram, sob reserva, que havia muita histeria em grupos de WhatsApp de oficiais do Exército, com insinuações falsas de sublevações em presídios devido à decisão do Supremo e a soltura do petista.
Tal discordância tem eco no passado recente. Quando o mesmo STF foi pressionado por Villas Bôas, em abril de 2018, de que poderia haver convulsão social caso Lula tivesse um habeas corpus concedido pela corte, o então comandante da Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Rossato, enviou uma dura comunicação interna ao chefe do Exército o repreendendo pela ação.

O próprio Villas Bôas viria a assumir que jogou no limite, em entrevista à Folha em novembro do ano passado, porque temia que a situação saísse de controle por influência de oficiais mais radicais da ativa e da reserva. Quando o general deixou o comando, neste ano, Bolsonaro o agradeceu e disse que devia sua eleição a ele.
Apesar do clima de alerta, a libertação de Lula já havia sido “precificada”, para usar um jargão de mercado financeiro, pela cúpula da Defesa. Tanto foi assim que causou mal-estar nova manifestação no Twitter por Villas Bôas, hoje assessor de Heleno, antes do julgamento —depois, um tuíte falso atribuiu a ele uma crítica inexistente.

Ao longo dos meses em que a questão da segunda instância foi discutida, estiveram em linha direta a Presidência, a Defesa e o Supremo.
Um elo importante de ligação foi o ministro Azevedo, que fora assessor especial do presidente do STF, Dias Toffoli. Com efeito, não se ouviu de Bolsonaro nenhuma crítica à decisão que derrubou um dos pilares de atuação da Operação Lava Jato —a ideia de combate à impunidade pela limitação dos recursos antes de o condenado ir à prisão.

Tudo foi costurado. O voto de Toffoli, decisivo no 6 a 5 contra a prisão em segunda instância, foi desenhado para abrir ao Congresso a possibilidade de retomar o entendimento vigente desde 2016 na forma da votação de uma mudança da Constituição.

Militares também comentaram a ênfase que o ministro fez sobre a ideia de mandar à cadeia indivíduos perigosos à sociedade, e da segunda instância como grau de jurisdição suficiente para isso —ele tinha votado assim em 2016, mas agora considerou de forma abstrata a necessidade de seguir ao pé da letra a determinação do encarceramento com o trânsito em julgado.

Tal arranjo tende, segundo políticos com interlocução na área militar, a acalmar os ânimos. O teste do primeiro fim de semana parece ter sido bem-sucedido, avaliam, mas é também uma certeza de que as palavras pacificação, Jair Bolsonaro e Lula não andam juntas.